Prova de Fato
- Cine Inês

- 30 de dez. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: há 3 dias

TERMO DE ABERTURA do livro CANTOS CORRENTES
CuraTela da Inexposição Madame Pochette
Sinopse A protonauta Agnes Dellacroix consente participar de uma transferência de alta volatilidade, quanto à compatibilidade entre a configuração espectral do ser e a configuração perceptual da sede condicionante.
Submetida a uma confecção experimental de energiaria táxtil de grande incerteza, ela não conta com recursos apropriados, plurais e diversificados, para enfrentar as eventuais imposições sensoriais às quais estará sujeita. O único instrumento garantidor com dose razoável de confiabilidade é a possibilidade de um imaginário diálogo com uma espécie de alter ego, ou um contraponto de alteridade, representado por um cantor, Paulinho da Vila.
O objetivo da transferência é aprofundar os estudos sobre concepções, intensamente debatidas pelos kyneaztaz e kryptykoz, a respeito de um suposto e possível estatuto fenomenológico do inexversus, e que os arquitextores decidem testar com o uso de recentes aprimoramentos na tecnologia de transferência de vultos (seres espectrais).
ATA DE LANÇAMENTO
Pareceres, previsões, orientações dos arquitextores, em mesa redonda no gabinete da Coxia, em Cine Inex.

Tema 01 - ERA UMA VEZ
Tema 02 - DE OLHO NA TELA
Tema 03 - A NOITE AMERICANA
Tema 04 - PERSONA
Tema 05 - LIMITES
Tema 06 - NA TRILHA DA MÚSICA
Tema 07 - CAFÉ SOCIETY
Tema 08 - LINHA DE MONTAGEM
Tema 09 - ASSINATURAS
Tema 10 - THAT´S ENTERTAINMENT!
Tema 11 - THE TALK OF THE TOWN
Tema 12 - ESCOLA DE CINEMA
ANTES DO LANÇAMENTO
INTRÓITO
Sempre é, assim dizdiziadesdizia o poeta do século vinte e um. Citacitoucitava Chopin, o músico do século dezenove.
Sempre é tarde o futuro da manhã. Assim dizdissedesdisse o poeta do século vinte e um. Recitarrecitariarrecitará o monge anônimo do século doze.
Nunca é, assim dizdirádesdirá o poeta do século vinte e um. Citacitariacitará Chopin, o músico do século dezenove.
Nunca é tarde a espera do amanhã. Assim dizdissedesdisse o poeta do século vinte e um. Recitarrecitariarrecitará o monge anônimo do século doze.
Não é ao pé da letra.
Nunca é. Sempre é.
Sempre é. Nunca é.
A metáfora.
Ou outra figura qualquer.
E assim é com a prova de fato.
Vista o traje. Faça o trajeto. E siga a senda.
É assim, pois.
De facto.
À TARDE SONHAMOS. E À NOITE...?
Um poetista do século vinte e um joga um laço cruzado sobre um prelúdio do romântico Chopin e um hino de um anônimo monge medieval.
O poesofista reflete sobre o tempo. A impossível cronometria da natureza, que desconhece relógios. A insondável percepção da memória, que constrói o antes e o depois. A iniludível constatação das mudanças, que imprime as marcas da idade.
O filopoensador indaga se o mistério se oculta na penumbra das sedes perceptuais da realidade.
E o poeta recolhe o laço que se fecha tardiamente como uma canção para recordar, numa cinematográfica cena em que à noite sonhamos.
Ou... à tarde?
O poeta ajeita o laço, ajusta o nó que enlaça as asas da borboleta, e se concentra. Logo, qual ser espectral, adentra a via de acesso à sede perceptual de sua vivência em distante e distinto campo do inexversus.
SOB O DOMÍNIO DO FATO.
Era para ser a alfaiataria dos advogados. Juízes. E é. Terminou por ser. O fórum na esquina, ao lado. Em frente, do outro lado da praça, a câmara legislativa. Vereadores, também clientes. O nome de fantasia, a denominação predominante de uma certa teoria jurídica ainda em elaboração. Ao criar uma acirrada polêmica entre os juristas, repercutindo nos jornais da época, ganha popularidade. Até vira bordão. Tu não sabe nada. Não tem domínio do fato. E por aí vai.


Comentários